terça-feira, 24 de maio de 2011

Defendi em minha Tese na Faculdade Criatividade Teoria e Prática,uma visão acerca do que foi estudado...

Quando se examina a literatura sobre Psicologia da Criatividade no Brasil, observa-se que contribuições teóricas recentes não têm sido tradicionalmente contempladas. De modo geral, são os aportes especialmente da teoria psicanalítica, da Gestalt, dos representantes da Psicologia Humanista, paralelamente ao papel dos hemisférios cerebrais na produção criativa, o que é mais divulgado e discutido.
Tanto Alencar (1995) como Wechsler (1993) e Kneller (1976), por exemplo, fazem menção aos estudos de Freud. Este via no inconsciente as origens tanto da neurose como da criatividade, tendo realizado estudos de caso de pessoas eminentes, como Leonardo da Vinci, considerando o seu trabalho criativo como uma sublimação de complexos reprimidos. As concepções de neopsicanalistas, como Kris e Kubie, que deram uma ênfase especial ao pré-consciente no processo criativo, são também conhecidas. Outra teoria que trouxe contribuições ao estudo da criatividade foi a Gestalt. Esta deu início às pesquisas sobre o insight, ou seja, aquele momento do processo criativo em que surge, usualmente de forma repentina, uma nova idéia ou solução para um problema. Ademais, os teóricos da Gestalt, especialmente Wertheimer (1959), também relacionaram o pensamento produtivo com os processos de pensamento que ocorrem no trabalho criativo, como naquele de cientistas eminentes. Os representantes da Psicologia Humanista, como Rogers, Maslow e Rollo May, são também reconhecidos pelas suas incursões sobre a origem da criatividade e condições necessárias para a sua expressão. Todos eles chamaram a atenção para a tendência humana em direção à auto-realização como força mobilizadora da criatividade. Consideram ademais que não basta o impulso interno para se auto-realizar. É ainda indispensável um ambiente que propicie liberdade de escolha e de ação, com reconhecimento e estimulação do potencial para criar de cada indivíduo. Os processos de pensamento que ocorrem nos distintos hemisférios cerebrais, sendo o hemisfério esquerdo mais eficiente nos processos de pensamento descritos como verbais, lógicos e analíticos, enquanto que no hemisfério direito ocorreriam padrões de pensamento mais associados à criatividade, têm sido extensamente divulgados.
Nos últimos 20 anos, novas contribuições teóricas surgiram, englobando distintos componentes considerados necessários para a ocorrência da criatividade. Até os anos 70, o objetivo era delinear o perfil do indivíduo criativo e desenvolver programas e técnicas que favorecessem a expressão criativa. Após essa data, os estudiosos voltaram sua atenção, de forma mais sistemática, para a influência de fatores sociais, culturais e históricos no desenvolvimento da criatividade. Sob essa perspectiva, a produção criativa não pode ser atribuída exclusivamente a um conjunto de habilidades e traços de personalidade do criador, mas também sofre a influência de elementos do ambiente onde esse indivíduo se encontra inserido (Hennessey & Amabile, 1988). Mais especificamente, a abordagem individual foi substituída por uma visão sistêmica do fenômeno criatividade (Feldman, Csikszentmihalyi & Gardner, 1994). Como resultado, vários estudos têm sido conduzidos com o objetivo de investigar variáveis do contexto sócio-histórico-cultural que interferem na produção criativa e favorecem a expressão do comportamento criativo (Amabile, 1996; Feldman, 1994; Gardner, 1993; Gruber & Davis, 1988; Simonton, 1994). Para Csikszentmihalyi (1996), por exemplo, ''é mais fácil desenvolver a criatividade das pessoas mudando as condições do ambiente, do que tentando fazê-las pensar de modo criativo'' (p. 1). Neste sentido, para se compreender porque, quando e como novas idéias são produzidas, é necessário considerar tanto variáveis internas quanto variáveis externas ao indivíduo.
Três modelos de criatividade foram elaborados com base nessa abordagem recente: a teoria de investimento em criatividade de Sternberg (1988, 1991; Sternberg & Lubart, 1991, 1993, 1995, 1996), o modelo componencial de criatividade de Amabile (1983, 1989, 1996) e a perspectiva de sistemas de Csikszentmihalyi (1988a, 1988b, 1988c, 1996). .

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